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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Acidentes comprovam: helicóptero não é brinquedo

Números mostram falta de fiscalização e imprudência. Entre 2000 e 2009, 101 pessoas morreram em quedas; dez aeronaves caíram nos últimos seis meses

André Vargas

Destroços do helicóptero que caiu no sul da Bahia, na sexta-feira

Destroços do helicóptero que caiu no sul da Bahia, na sexta-feira (Joá Souza / A Tarde / Agência O Globo )

Nos últimos seis meses, dez helicópteros se espatifaram no solo no Brasil. Pelo menos em dois desastres – os de maior repercussão -, há indícios de que os pilotos deixaram de cumprir com a obrigação profissional mais elementar, que é voar em segurança com seus passageiros. Somente no desastre com um helicóptero em Trancoso, no sul da Bahia, na última sexta-feira, sete pessoas morreram. 

Entre 2000 e 2009, 101 pessoas morreram em 129 acidentes com este tipo aeronave. É um número irrisório, comparado ao que ocorre nas rodovias ou mesmo nos acidentes com aviões de carreira. Porém, ao serem esmiuçados, os episódios mais recentes apontam para a falta de vigilância das autoridades e imprudência por parte de quem voa.

Um estudo do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) indica que, no conjunto de fatores que levaram à queda de helicópteros no Brasil neste período, em 70% dos casos tomou-se uma decisão errada, em 24%, quem estava no comando não possuía experiência suficiente e, em 20%, as regras de voo não foram seguidas.

Voo inseguro

Conheça os erros mais comuns dos pilotos que voam sem seguir as regras

  1. • Não conhecer a aeronave
  2. • Não estar em boa forma física (uma simples dor de dente pode ser problema) 
  3. • Deixar de conferir os boletins meteorológicos
  4. • Erros de navegação
  5. • Perda da noção espacial (em voo noturno ou mau tempo)
  6. • Sensação de 'tenho de chegar', ignorando a segurança de voo

Entre os mais de três mil pilotos em atuação no país, segundo estimativa da Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero (Abraphe), há gente mal treinada e pouca fiscalização nos 4 200 pontos de pouso cadastrados. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de janeiro a abril, foram encontradas irregularidades em 2% dos 254 000 voos realizados – incluídos aí aviões de carreira. O índice representa 5 600 ocorrências e foi obtido só nos aeroportos mais movimentados.

Com a atual bonança econômica, a frota de helicópteros civis do Brasil cresce sem parar. São 1.518 aeronaves registradas, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Na esteira das compras, surge um novo tipo de proprietário, menos afeito aos parâmetros operacionais. É gente que quer voar, tem pressa e acredita que helicóptero nada mais é que um carro que voa. Errado.

As regras aeronáuticas no Brasil seguem rígidos parâmetros internacionais. Planos, horários e rotas pré-estabelecidas devem ser seguidas. Qualquer mudança precisa ser justificada e analisada em diários de bordo.

Risco – Com a licença de voo vencida desde 2005, o empresário Marcelo Mattoso de Almeida decidiu voar mesmo com mau tempo da última sexta-feira, em Porto Seguro, por um trajeto de apenas quinze quilômetros.  Apresentou os códigos e a licença de outro piloto para ser liberado pela torre de controle do aeroporto de Porto Seguro. Se alguém tivesse prestado atenção, a fraude que precedeu a tragédia seria evitada. Os funerais dariam lugar a uma multa e um processo.

Em maio, o helicóptero do cantor sertanejo Marrone caiu em uma fazenda, no interior de São Paulo. Há suspeita de que o artista, que teve algumas aulas de pilotagem, estivesse no controle. O piloto, Almir Bezerra, teve parte da perna esquerda amputada. Em setembro, um pecuarista exigiu que seu Robinson 44, para três passageiros, decolasse de uma fazenda, em São Félix do Xingu, no Pará. Como estava escurecendo, o piloto se recusou. Houve discussão. Com receio de perder o emprego, ele obedeceu. A aeronave se espatifou contra uma árvore. O piloto, o dono do helicóptero e um peão que pegava carona morreram.

Rotina - O presidente da Associação Brasileira dos Pilotos de Helicóptero, Rodrigo Duarte, lembra que o número de acidentes se mantém abaixo do crescimento da frota. Ele admite, no entanto, que atritos desnecessários ocorrem. “É preciso entender que piloto também ganha para dizer não ao patrão”, explica.

Capacitado para voar em seis aparelhos diferentes, Duarte faz oito provas técnicas e exames físicos por ano. Sua rotina é oposta à do empresário que morreu no acidente da Bahia. “Não dá para sair de uma reunião estressante e querer voar para espairecer”, diz . 

Fonte: http://veja.abril.com.br

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